Dados do Trabalho
Título
RECONSTRUÇAO PERINEAL APOS SINDROME DE FOURNIER: RELATO DE CASOS E ABORDAGENS CIRURGICAS
Resumo
Introdução: A síndrome de Fournier é uma infecção necrosante dos tecidos moles do períneo e áreas adjacentes, com potencial grave e progressão rápida se não tratada prontamente. O manejo inclui antibioticoterapia, desbridamento cirúrgico e reconstrução para restaurar função e estética.Objetivo: Este estudo relata quatro casos de reconstrução perineal após síndrome de Fournier, investigando abordagens cirúrgicas e resultados.Método: Foram revisados prontuários de pacientes submetidos à reconstrução perineal. Os dados incluíram idade, comorbidades, localização da infecção, procedimentos cirúrgicos, complicações e resultados funcionais/estéticos.Resultados: Os pacientes foram tratados com fechamento primário (caso 1), retalho em VY bilateral (caso 2), avanço em VY unilateral (caso 3) e retalho faciocutâneo (caso 4). Todos apresentaram boa cicatrização, melhora funcional e estética satisfatória, sem complicações graves pós-operatórias.
Discussão: A escolha do procedimento baseou-se na extensão da infecção e comorbidades, evidenciando a eficácia das técnicas utilizadas. A colaboração multidisciplinar foi crucial para o manejo eficiente da síndrome de Fournier.Conclusão: A reconstrução perineal após síndrome de Fournier é desafiadora, exigindo abordagem integrada e personalizada. Este estudo contribui para o conhecimento clínico ao demonstrar a eficácia das abordagens cirúrgicas empregadas e destacar a importância da individualização do tratamento para otimizar resultados e minimizar complicações.
Introdução
A síndrome de Fournier é uma infecção polimicrobiana necrosante dos tecidos moles do períneo e áreas adjacentes, caracterizada por um curso clínico agressivo e potencialmente fatal. Descrita inicialmente por Jean-Alfred Fournier em 1883, a condição pode progredir rapidamente, resultando em necrose extensa e sepse se não for tratada prontamente e de maneira adequada (Fournier, 1883). A prevalência da síndrome de Fournier é relativamente baixa, porém a morbidade associada é significativa, afetando predominantemente homens de meia-idade e idosos, muitas vezes com fatores predisponentes como diabetes mellitus, imunossupressão e doença vascular periférica (Czymek et al., 2010; Yanar et al., 2006).
O tratamento da síndrome de Fournier envolve uma abordagem multidisciplinar que inclui antibioticoterapia de amplo espectro, desbridamento cirúrgico agressivo dos tecidos necróticos e, frequentemente, cirurgia reconstrutiva para restaurar a função e a estética da região afetada após o controle da infecção (Sorensen et al., 2009; Levenson et al., 2008). As técnicas de reconstrução variam de acordo com a extensão da necrose e comorbidades do paciente, visando não apenas a cicatrização adequada das feridas, mas também a prevenção de complicações a longo prazo, como fístulas e estenoses (Martinez et al., 2014).
Objetivo
Este trabalho tem como objetivo relatar uma série de casos de pacientes submetidos à reconstrução perineal após síndrome de Fournier, detalhando as diferentes abordagens cirúrgicas utilizadas e os resultados obtidos em termos de cicatrização, funcionalidade e estética.
Método
Foram estudados quatro casos de pacientes diagnosticados com síndrome de Fournier e submetidos à reconstrução perineal em nosso serviço. Os dados foram retrospectivamente coletados dos prontuários médicos e incluíram informações detalhadas sobre idade, comorbidades, localização da infecção, procedimentos cirúrgicos realizados, complicações pós-operatórias e resultados funcionais e estéticos.
Resultado
Casos Clínicos:
Paciente 1: Um homem de 79 anos com antecedentes de herniorrafia complicada por hematoma infectado, evoluindo para síndrome de Fournier na região inguinal. Foi submetido a fechamento primário da ferida, resultando em cicatrização satisfatória e resolução dos sintomas locais.
Paciente 2: Um paciente de 75 anos, diabético, apresentando síndrome de Fournier no períneo e bolsa escrotal bilateralmente. Foi tratado com retalho de avanço em VY bilateral, obtendo boa cicatrização da ferida e preservação funcional da bolsa escrotal.
Paciente 3: Homem de 50 anos, sem comorbidades relevantes, com síndrome de Fournier unilateral no períneo e bolsa escrotal. Submetido a avanço em VY unilateral com síntese primária na região perineal adjacente, resultando em boa cicatrização e melhora significativa dos sintomas.
Paciente 4: Um homem de 50 anos com síndrome de Fournier envolvendo o períneo e bolsa escrotal, submetido a reconstrução da bolsa escrotal com retalho faciocutâneo da face medial da coxa. Alcançou adequada cobertura dos tecidos moles afetados e recuperação sem complicações significativas.
Discussão
Os resultados desta série de casos destacam a importância da escolha individualizada do procedimento cirúrgico baseada nas características do paciente e na extensão da infecção. A reconstrução perineal após síndrome de Fournier não se limita apenas à restauração da integridade tecidual, mas também desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, minimizando sequelas físicas e psicológicas associadas (Clay et al., 2018; Mallikarjuna et al., 2003).
A ausência de complicações graves pós-operatórias observada nesta série ressalta a eficácia das abordagens cirúrgicas utilizadas, que não apenas trataram a infecção inicial, mas também permitiram uma recuperação completa e funcional dos pacientes. A colaboração entre equipes multidisciplinares, incluindo cirurgiões plásticos, urologistas, e infectologistas, é fundamental para o manejo bem-sucedido desta condição desafiadora (Sorensen et al., 2009).
Conclusão
A reconstrução perineal após síndrome de Fournier representa um desafio complexo na prática cirúrgica contemporânea, exigindo uma abordagem integrada e adaptativa às necessidades individuais de cada paciente. Os casos apresentados ilustram que as técnicas cirúrgicas utilizadas foram eficazes na restauração da função perineal e na obtenção de resultados estéticos satisfatórios. A análise detalhada desses casos não apenas oferece insights clínicos valiosos, mas também orienta melhorias contínuas nos protocolos de tratamento para pacientes com esta condição devastadora.
Referências
Fournier JA. Gangrène foudroyante de la verge. Semaine Médicale, 1883; 3: 345-8.
Czymek R, Schmidt A, Eckmann C, Bouchard R, Wiatrek R, Uhl W, et al. Fournier’s gangrene: vacuum-assisted closure versus conventional dressings. Am J Surg. 2010;199(2):168-75.
Yanar H, Taviloglu K, Ertekin C, Guloglu R, Zorba U, Cabioglu N, et al. Fournier’s gangrene: risk factors and strategies for management. World J Surg. 2006;30(9):1750-4.
Sorensen MD, Krieger JN, Rivara FP, Klein MB, Wessells H. Fournier’s gangrene: management and mortality predictors in a population based study. J Urol. 2009;182(6):2742-7.
Martinez AM, Ferrer FJ, Sarrá RG, Prats EC, Garcia EB, Menor AC. Fournier’s gangrene: experience in 60 patients. Urol Int. 2014;93(3):286-92.
Palavras Chave
reconstrução; perineo; Fournier
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
Hospital das Forças Armadas - Distrito Federal - Brasil
Autores
DJEIFY ALEXANDRE PESSOA JUNIOR, JULIANA CUNHA COSTA, THIAGO EBERHARD DUTRA, PEDRO VICTOR GOMES OLIVEIRA, RAQUEL CRISTINA FUCHS, IZABELLE MONTANHA BARBOSA