60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

RECONSTRUÇAO DE MAMA PRE PEITORAL ASSOCIADA A RADIOTERAPIA. ACHADOS INICIAIS DE UMA SERIE DE CASOS.

Resumo

Sabe-se que a mastectomia é um dos tratamentos de escolha para o câncer de mama e como tratamento adjuvante podemos ter a quimioterapia ou radioterapia. Quando realizada a adenomastectomia, a reconstrução da mama poderá ser feita com a colocação de prótese mamária de silicone na posição retro ou pré peitoral, sendo que o tratamento posterior adjuvante com radioterapia pode trazer complicações. Em nossa série de casos de reconstrução mamária com implante pré peitoral, a complicação mais frequente foi a contratura capsular secundária a radioterapia, que nos levou a evitar este modalidade de reconstrução nos pacientes cuja radioterapia seja certeza no pós operatório.

Introdução

Muitas mulheres portadoras de câncer de mama serão submetidas a mastectomia como tratamento cirúrgico de escolha podendo ou não serem submetidas a tratamento adjuvante como quimioterapia e radioterapia. A reconstrução mamária com prótese de silicone tem se mostrado como a opção mais usada no mundo¹. A adenomastectomia (mastectomia poupadora de pele) possibilita que a reconstrução seja feita sem a necessidade de uso de tecido autólogo, apenas com uso da prótese. Quando a sua colocação ocorre no plano retro peitoral, é descrita a ocorrência de mais dor, possível apagamento do contorno da mama e principalmente deformidade da mama quando ocorre a contração do músculo peitoral maior². O retorno à colocação no plano pré peitoral só foi possível devido à melhora da técnica cirúrgica e tecnologias associadas e, quando realizada em pacientes selecionadas, permite a redução do tempo cirúrgico, menos dor e menos animação muscular³.

Objetivo

O presente trabalho visa descrever as complicações de uma série de pacientes submetidas a adenomastectomia e reconstrução imediata com prótese mamária no plano pré peitoral e submetidas a radioterapia posterior.

Método

O presente trabalho é retrospectivo e compreende pacientes do sexo feminino submetidas a adenomastectomia e reconstrução imediata com prótese mamária colocada no pano pré peitoral e posterior tratamento adjuvante radioterapia, nos anos de 2021 e 2022.

Resultado

Nos anos de 2021 e 2022, foram operadas 24 pacientes para reconstrução imediata da mama com prótese mamária no plano pré peitoral e submetidas a radioterapia no pós-operatório. A média de idade foi 51,4 anos de idade e a complicação mais comum foi contratura capsular em 42% das pacientes. Outras intercorrências que se apresentaram foram seroma redicivante, infecção e extrusão do implante.

Discussão

O uso da prótese mamária acima do músculo peitoral na reconstrução mamária remonta aos anos 1960 com a invenção da própria prótese mas, naquela época, as complicações eram de difícil resolução e passou-se a usar a prótese sob o músculo2. Com o tempo, observou-se que esta técnica cursava com dor e deformidade da mama por contração do músculo peitoral maior e, atualmente, com melhora da técnica cirúrgica e uso de tecnologias que permitem a verificação transoperatória da perfusão tecidual do retalho da mastectomia, a reconstrução da mama com a prótese posicionada pré peitoral tem sido mais empregada4. Deve-se entender que esta técnica deve ser indicada para pacientes selecionadas. Na necessidade do tratamento adjuvante de radioterapia, complicações como infecção, deiscência e contratura capsular tem chance aumentada de ocorrer quando comparamos com pacientes reconstruídos com a mesma técnica e não submetidos a radioterapia5. Berry T. et al (2010) discutem que a radioterapia é o maior fator de risco nas reconstruções com prótese6, durante meses até anos a radioterapia pode causar danos aos tecidos7.

Conclusão

A reconstrução da mama com colocação de prótese mamária na posição pré peitoral é uma boa alternativa em pacientes selecionadas, porém deve ser evitada como primeira escolha e quando se sabe com certeza do uso da radioterapia como tratamento adjuvante no pós-operatório.

Referências

1- Ostapenko E., Nixdorf L., Devytko Y., Exner R., Wimmer K., Fitzal F. Prepectoral versus subpectoral implant-based breast reconstruction: a systemic review and meta-analysis. Ann. Surg. Oncol. 30:126-136. 2023.
2- Kaplan J., Wagner R. D., Braun T. L., Chu C., Winocour S. J. Prepectoral breast reconstruction. Semin. Plast. Surg.; 33:236–239. 2019.
3- Glasberg SB. The economics of prepectoral breast reconstruction. Plast Reconstr Surg.; 140:49S–52S. 2017.
4- Taj, S.; Chandavarkar, R.; Vidya, R. Current Global Trends in Prepectoral Breast Reconstruction. Medicina; 60, 431. 2024.
5- Awadeen A., Fareed M., Elameen A. M. he Impact of Postmastectomy Radiation Therapy on the Outcomes of Prepectoral Implant-Based Breast Reconstruction: A Systematic Review and Meta-Analysis. Aesth Plast Surg.; 47:81–91. 2023.
6- Berry T., Brooks S., Sydow N., Djohan R., Nutter B., Lyons J., Dietz J. Complication rates of radiation on tissue expander and autologous tissue breast reconstruction. Ann Surg Oncol.; 17:202–210. 2010.
7- Sigalove S., Maxwell G. P., Sigalove N. M., Storm-Dickerson T. L., Pope N., Rice J., Gabriel A. Prepectoral Implant-Based Breast Reconstruction and Postmastectomy Radiotherapy: Short-Term Outcomes. Plast Reconstr Surg Glob Open; 6:e1631. 2017.

Palavras Chave

Reconstrução Mamária; Implante mamário; Radioterapia Adjuvante

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

Clínica Prime - Minas Gerais - Brasil

Autores

LARISSA SILVA LEITAO DARODA, ROMEU FERREIRA DARODA, RODRIGO FERREIRA TOLEDO, JADE BORBOREMA SALIM, DALMARA SIMPLICIO DE OLIVEIRA, MARIANA DA CRUZ CAMPOS