Dados do Trabalho
Título
PREVALENCIA DO PADRAO DE CONTRAÇAO DA MUSCULATURA GLABELAR NA POPULAÇAO BRASILEIRA
Resumo
A contração glabelar é um importante meio de expressão de emoções e alvo constante de tratamentos estéticos. O seu padrão dita o local e o número de aplicações de toxina botulínica. O objetivo deste trabalho é estudar a prevalência do padrão de contração glabelar na população brasileira. Atualmente existem trabalhos com diferentes populações evidenciando diferentes tipos de classificação de padrão de contração, porém ainda com baixo número de pacientes. O estudo atual é descritivo, analítico e multicêntrico. Classificou-se os padrões de contração glabelar em “U”, “V”, “setas convergentes”, “ômega” e “ômega invertido” as fotos da face, em repouso e em contração, de 672 voluntários, entre 30 a 60 anos. O padrão mais prevalente foi em “U” (39,3%) e “V” (31,6%) e os menos prevalentes foram em “ômega” (3,7%). Embora os indivíduos tenham anatomia semelhante, a forma de contração difere. A avaliação errônea pode levar a doses inadequadas de toxina e também a mobilização dos músculos adjacentes a aplicação. Constatou-se que o padrão mais prevalente de contração é “U” e “V”.
Introdução
Embora os indivíduos tenham anatomia semelhante, a forma de contração é diferente entre cada um. A avaliação errônea pode levar a doses inadequadas de toxina botulínica e também a mobilização dos músculos adjacentes a aplicação. A glabela, por estar no centro da fronte, é umas das primeiras partes a ser notada na expressão facial.¹ Em estudos prévios, com a população brasileira, os padrões de contração glabelar foram classificados de acordo com os movimentos de aproximação, depressão ou elevação da sobrancelha. Obteve-se os padrões em “U”, “V”, “setas”, “ômega” e “ômega invertido”.² Estudos similares foram publicados com diferentes padrões de contração glabelar, modificados conforme a população. Kim e colaboradores, por exemplo, descreveram os padrões em “11”, “X”, “U”, “Pi” e “I” na população coreana.¹ Nesse estudo, considerou-se as formas finais das rugas determinadas por linhas glabelares transversais e perpendiculares, bem como as rugas frontais e nasais.² Na população indiana, Kamat e colaboradores descreveram os padrões “11”, “U”, “Pi”, “X”, “W” e “I”. A aplicação de toxina botulínica nesta área se tornou o tratamento cosmético de primeira linha para essa região.⁴ A classificação glabelar pode, portanto, ser realizada como um guia para aplicação intramuscular da toxina botulínica.
Objetivo
O objetivo deste trabalho foi detectar a prevalência do padrão de contração glabelar de uma amostra significativa da população brasileira, constatando-se as diferenças subjetivas entre os avaliadores.
Método
O estudo atual é descritivo, analítico e multicêntrico. Classificou-se os padrões de contração em “U”, “V”, “setas convergentes”, “ômega” e “ômega invertido”, através de fotos da face, em repouso e em contração.
Resultado
Foram obtidas as fotografias de 672 voluntários, entre 30 e 60 anos. O padrão mais prevalente foi em “U” (39,3%) e “V” (31,6%) e os menos prevalentes foram em ômega (3,7%), “ômega invertido” (4,2%) e setas convergentes (21,1%).
Discussão
A classificação das rítides glabelares possibilita um tratamento direcionado com a denervação química provocada pela toxina botulínica. Nos músculos que são mais recrutados na contração realiza-se maiores doses ou aplica-se em mais locais. Portanto, conhecer a anatomia e classificar os padrões da fronte é fundamental para um tratamento estético adequado.
A anatomia da fronte humana é muito semelhante, mas resguarda diferenças na forma como cada um utiliza sua musculatura. Um estudo prévio, realizado no Brasil, classificou a amostra populacional de acordo com os tipos “U”, “V”, “seta”, “ômega” e “ômega invertido”. O padrão mais prevalente encontrado foi o de “U” (32%), seguido de “V” (30,2%). Os padrões menos encontrados foram em ômega (10,2%) e ômega invertido (8,4%).²
A subjetividade de cada avaliador, bem como a dificuldade de avaliar a expressão glabelar, pode interferir no percentual obtido. Devido à possibilidade de a classificação poder causas certa confusão, autores como Kim e colaboradores propuseram novos padrões de classificação, os quais seriam mais adequados para populações orientais.¹
Em estudo realizado por Hsieh (2019)5 comparou-se ambos sistemas de classificação e concluiu-se que os dois são aplicáveis à população chinesa. Os autores discorrem que a classificação proposta por Almeida e colaboradores é mais conveniente e prática. Por esse motivo, optou-se classificar a amostra populacional deste estudo conforme proposto por Almeida e colaboradores.
A diferença estatística encontrada no padrão de prevalência entre “U” e “V” pode ser decorrente da similaridade das rugas obtidas em contração, exceto por V ser mais intenso e pelo fato de considerar a forma das sobrancelhas, motivo pelo qual a avaliação da face com uma fotografia em repouso foi incluída. Em termos práticos recomenda-se a realização de cinco ponto de toxina no padrãos em “U” e de sete pontos no padrão “V”, o qual se extende lateralmente na região supraciliar, por ter maior vigor no recrutamento das musculaturas nessa parte.
Corroborando com os achados de Almeida (2012)², Kim (2014)¹ e Kamat (2018)⁴, o padrão mais prevalente em todos os estudos foi em “U”. Ou seja, tanto em amostras populacionais orientais e indianos, como nos próprios brasileiros esse é um dos padrões mais encontrados.
Conclusão
Constatou-se que os padrões mais prevalentes de contração são em “U” (39,3%) e em “V” (31,6%).
Referências
1. Kim, H. S., Kim, C., Cho, H., Hwang, J. Y., & Kim, Y. S. (2014). A study on glabellar wrinkle patterns in Koreans. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, 28(10), 1332-1339.
2. Almeida, A. R. T., da Costa Marques, E. R., Banegas, R., & Kadunc, B. V. (2012). Glabellar contraction patterns: a tool to optimize botulinum toxin treatment. Dermatologic surgery, 38(9), 1506-1515.
3. Jiang, H., Zhou, J., & Chen, S. (2017). Different glabellar contraction patterns in Chinese and efficacy of botulinum toxin type A for treating glabellar lines: a pilot study. Dermatologic Surgery, 43(5), 692-697.
4. Kamat, A., & Quadros, T. (2019). An observational study on glabellar wrinkle patterns in Indians. Indian Journal of Dermatology, Venereology and Leprology, 85, 182.
5. Hsieh, D. M. Y., Zhong, S., Tong, X., Yuan, C., Yang, L., Yao, A. Y, Wu, Y. (2019). A retrospective study of chinese-specific glabellar contraction patterns. Dermatologic Surgery, 45(11), 1406.
Palavras Chave
rítides glabelares; padrão de contração glabelar linhas glabelares
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
UNIFESP - São Paulo - Brasil
Autores
ANDRE LUIS FERNANDES, CAROLINE CUNICO, DANIEL BORO DOS SANTOS, PAULO AFONSO MONTEIRO PACHECO GUIMARAES, MARINA BOVARETTO TESSARI, MIGUEL SABINO NETO